Sunday, February 24, 2008

....De Olhos Bem Fechados....


Oito e dez da manhã. Inspiro o ar e entro no autocarro, no comboio ou no metro. Há quem diga que de manhã são mais suaves. À tarde, mais fortes. Parece que ao longo do dia se transformam. Há-os para todos os gostos e feitios. Para todos os corpos. Para todos os sexos.
Há quem os use durante. Outros antes. E outros, depois. Até o avanço tecnológico da química permitiu que se criassem artificialmente. E aos poucos e poucos foram tomando o lugar dos originais. Mais variedade. Mais quantidade. Maior poder de compra.
Daí a razão de hoje em dia todos nós os usarmos. Uns amargos. Outros doces. Uns quentes. Outros frios. Uns mais requintados e sofisticados do que outros decorrendo do gosto de cada um de nós. Perde-se na memória dos tempos o começo de seu uso.
Pensa-se que nasceram no Antigo Egipto com o povo que habitou a 1ª catarata. Mas o que é certo é que eles nos elevam à condição de sedutores. De conquistados em Conquistadores.
Claro. Já adivinharam. Falo dos perfumes e dos seus aromas. Gosto de olhar. Questionar o mundo. Até a mim mesma. Sim. Gosto de olhar, pensar e opinar. Mesmo sem me pedirem para tal.
Mas agora esqueçam todos os gostos, credos, raças, sexos ou religiões e fechem os olhos. Isso. Agora pensem. Já pensaram que os perfumes são a única coisa que, de olhos fechados, nos fazem atrair, ou retrair, em relação ao semelhante?

Saturday, February 16, 2008

....Os Sinais do Medo da Diferença....


Nada mais tocante do que a nossa nudez, mas as convenções, tabus, a hipocrisia dos falsos moralismos, fazem-nos às vezes representar papéis que não são nossos, usar máscaras que nos desumanizam e tornam infelizes, apenas pelo o medo da reprovação da família, dos amigos da sociedade.
Tememos não ser amados por sermos diferentes do que é suposto ser. Nascemos, vivemos e morremos ao lado de amigos e familiares que se dizem íntimos, mas para quem somos e nos são desconhecidos. Numa família, raras são as pessoas que se conhecem, amam e aceitam verdadeiramente.
Queremos o amor dos nossos pais, mas eles próprios nos entregam no berço, o papel que nos esperam ver desempenhar vida fora. Com pouca margem de improviso e criatividade, porque a criatividade faz de nós seres únicos e a diferença paga-se caro.
A maior miséria que podemos herdar é o medo, que através de gerações aparece personificado pela imcompreensão e desamor. pela guerra, intolerância e ausência de compaixão, de saber estar ao lado de quem sofre. Pela farsa que ele nos leva a representar.
Um medo disfarçado de juiz da moral e dos costumes, que transforma o amor e o sexo em actos vergonhosos quando deviam ser belos e libertadores.
A. Zanati